sábado, 26 de fevereiro de 2011

Grafite, pixação e arte


Uma das falas da Marcia Tiburi na última aula foi relacionada ao fato do bom artista ser aquele que não desvincula sua produção do contexto histórico em que vive. Outra característica citada por ela é o relacionamento deste artista com a quebra de paradigmas.

Me lembrei dos grafiteiros, hoje valorizados como “boa arte” em relação aos pixadores. Definiu-se que os primeiros “fazem arte” e os outros “sujam a cidade”. No entanto, boa parte dos grafiteiros de hoje foram pixadores de ontem. 

Na Bienal de São Paulo 2008, “pixadores” sacaram de suas latas e escreveram seus nomes e outros símbolos em uma área vazia da exposição. Foram tratados como vândalos e pelo menos um deles foi preso na época. Na Bienal seguinte, ganharam credenciais como “artistas” (leia mais AQUI).

Quem de fato faz arte e quem não faz? Podem os pixadores e sua produção serem excluídos do contexto histórico em que vivem? Eles quebram paradigmas? Questões para nossa reflexão...

Sérgio Pereira

PS: sou músico, como sabem e tenho um projeto ao lado de minha esposa, a cantora Marivone Lobo, chamado Baixo e Voz (www.baixoevoz.com.br). Gravamos uma música chamada “Grafite” no nosso álbum “Viagens de Fé” (2008). Espero que curtam (é so clicar no play abaixo):


GRAFITE
Silvia Mendonça / Marivone Lobo

O artista passa e ninguém vê
Na mochila há cores e idéias
Ele tem a cidade inteira pra pintar
 
Faz olhos nas paredes e muros
Setas, curvas, retas e tortas
Que apontam tudo e todo lugar

Um escolheu o esgoto
O outro, arranha o céu
A moça faz corações
Um cola, outro descola
Precisa de um que apóie
Quem sabe no que vai dar?
 
Pro artista o concreto é tela
Até o asfalto o é
Se aceita tinta é que não quer ser cinza
 
Seus olhos nas paredes e muros
Podem durar ali um só dia
Mas reaparecem em outro lugar
 

Pôs o que ganhou
Na escadaria lá da Vila
Hipnotizou
Sua arte não tem preço, é de graça



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