segunda-feira, 30 de maio de 2011

Os 3 Mundos



"Mundos"


Inesquecível a gravura "Três mundos" de M.C.Esche - o artista nos lembra por meio do título, que o que aparece num mesmo plano na imagem pertence na realidade a três mundos diferentes: o subaquático, onde vive o peixe, a superfície da água, onde flutuam as folhas caídas das árvores, e ainda as imagens refletidas das árvores que balançam no ar. Além disso, mostra as "competências" do elemento água: transparência, sustentação e espelho.
Esta é a gravura mencionada por Pieter Tjabbes, curador da exposição e um apaixonado pela obra de Esher. Quando criança, ganhou uma reprodução desta gravura de seus pais que foi colocada na parede de seu quarto.
Acordar e dormir com "Três Mundos" olhando pra você, é mesmo apaixonante, não é?



Mônica b.

sábado, 28 de maio de 2011

Escher: Op-Art, Surrealismo ou uma Grande Festa?

Na última quarta-feira fomos visitar a Exposição do “Mundo mágico de Escher” no CCBB. Pensava encontrar apenas as gravuras que se tornaram famosas e populares em livros didáticos, históricos e sobre arte.

A grande surpresa veio da interatividade através de atividades lúdicas criadas pelo curador da mostra, Pieter Tjabbes. Segundo ele, na palestra apresentada na Universidade Mackenzie do dia seguinte, foi uma proposta de não apresentar somente obras e sim a interação da arte com o grande público, e também forçar um trajeto para a apreciação dentro do espaço da exposição.

O sucesso da exposição está sendo estrondoso, com mais de um milhão de visitantes no Brasil.

Questionei ao curador Pieter sobre a intenção ou não do artista na associação das obras com a escola surrealista, e ele prontamente disse que o artista não tinha consciência disto e que a obra era puramente ótica. Esta resposta me leva ao seguinte questinamento:

Estas obras criativas, com uma alusão ao fantástico e em algumas vezes se mostrando na representação do imaginário, me fazem pensar se o artista não buscava no seu subconsciente a criação desta arte fabulosa.

“A expressão op-art, vem do inglês (optical art) e significa arte óptica. Defendia para arte, menos expressão e mais visualização. Apesar do rigor com que é construída, simboliza um mundo precário e instável, que se modifica a cada instante. Apesar de ter ganhado força na metade da década de 1950, a Op Art passou por um desenvolvimento relativamente lento. Ela não tem o ímpeto atual e o apelo emocional da Pop Art; em comparação, parece excessivamente cerebral e sistemática, mais próxima das ciências do que das humanidades. Por outro lado, suas possibilidades parecem ser tão ilimitadas quanto as da ciência e da tecnologia.” www.historiadaarte.com.br

Segundo o Manifesto Surrealista, “o surrealismo impunha o chamado automatismo psíquico: estado puro, mediante o qual se propunha transmitir verbalmente, por escrito, ou por qualquer outro meio o funcionamento do pensamento; ditado do pensamento, suspenso qualquer controle exercido pela razão, alheio a qualquer preocupação estética ou moral.” http://pt.wikipedia.org/wiki/Manifesto_Surrealista

Parte da turma do Mestrado em EAHC-Mackenzie na Grande Festa: Ana Cristina, André, Edi, Egidio, Gabriel, Lazlo, Luciana, Paula, Renata e Vanessa

Abraços,
Egidio S. Toda








quinta-feira, 26 de maio de 2011

Um pouquinho de música de concerto

Oi pessoal, gostaria de compartilhar com vocês uma entrevista com o compositor Fernando Mattos, que é professor da faculdade de música da UFRGS, e teve como coorientador de sua tese de doutorado o filósofo Marc Jimenez (nº 46 de nossa bibliografia).

Mesmo tomando como palco o ambiente musical de Porto Alegre, as problemáticas abordadas na entrevista não existem apenas no Rio Grande do Sul, elas fazem parte do ambiente contemporâneo da música de concerto de praticamente todos os grandes centros brasileiros.


Vale a pena ler o que Fernando Mattos tem a dizer.

Um grande abraço a todos,

Lazlo Rahmeier

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Theodor Adorno – Músico e Filósofo



A música faz-se presente e formativa desde os seus primeiros anos de vida. Theodor Wiesengrund Adorno nasceu em 11 de setembro de 1903 em Frankfurt am Main. Seu pai, Oskar Wiesengrund, um próspero comerciante atacadista de vinhos, e sua mãe, Maria Calvelli Adorno, de origem corso-genovesa, cantora profissional de renome, antes do casamento. Agathe, sua tia era uma pianista talentosa. Ao som das sinfonias de Mozart e Beethoven tocadas ao piano pela tia e dos Lieder populares ou trechos de ópera interpretados por sua mãe, desenvolveu uma infância feliz e uma adolescência segura.

A filosofia não demora a aparecer em seus dias. Aos 15 anos de idade, em companhia de um amigo da família, 14 anos mais velho que ele – Siegfried Kracauer –, envolve-se com a leitura semanal da “Crítica da razão pura”, de Kant. Longas conversações filosóficas são tecidas durante anos, aos sábados. Com 16 anos estuda composição com Bernhard Sekles no conservatório de Hoch.
Aos 18 anos ingressa na recém-fundada Universidade Johann Wolfgang Goethe, para ouvir e estudar ainda mais filosofia.
Cresceu em um ambiente dominado por interesses artísticos e teóricos e foi encorajado pelos pais e amigos a desenvolver seus dotes em ambas as direções. Ele mesmo nos dá conta disso: “Estudei filosofia e música. Em vez de me decidir por uma, sempre tive a impressão de que perseguia a mesma coisa em ambas”.

Em 1922, com 19 anos, conhece Horkheimer – filósofo – em um seminário sobre Husserl e, no ano seguinte, Benjamin – esteta e filósofo. Com ambos estabelecerá relações de intensa amizade e de fecundas produções científicas, mas seu amigo e mentor da época era mesmo Kracauer. Em 1924, com 21 anos, defende sua tese de doutorado: A transcendência do objeto e do noemático na fenomenologia de Husserl, sob orientação de Hans Cornelius – filósofo de tendências progressistas, e, ao mesmo tempo, pianista, escultor, pintor e autor de estudos de estética e de pedagogia da arte.

Em 1925 vai para Viena estudar música com profissionais do círculo vanguardista de Schoenberg.
Entre 1928 e 1929 foi editor da revista Anbruch, de Viena, em prol da música mais moderna radical. A influência da temporada na capital austríaca foi decisiva em sua formação musical e filosófica; o rigor da composição e da expressão de seus ensaios, sua filosofia atonal devem-se muito a esse período.

De 1922 a 1933, Adorno acompanhou como crítico a Konzertleben (vida musical) de Frankfurt. Escreveu uma centena de pequenos artigos, hoje reunidos sob o título “Críticas das óperas e concertos de Frankfurt”. A vida musical era um dos principais temas do debate público de sua cidade.

Estava lendo um resumo sobre a vida de Adorno e gostei. Conhecia somente o lado de Adorno filósofo, sociólogo... Então separei este pequeno texto para dividir com vocês. 


Bjs, Lígia Bordini

terça-feira, 24 de maio de 2011

"A FITA BRANCA"

Pessoal  encontrei o filme " A Fita Brranca" indicado pela Marcia. Assistam, vale a pena!!!





 Em um vilarejo no norte da Alemanha vivem as crianças e adolescentes de um coral, dirigido por um professor primário (Christian Friedel). O estranho acidente com o médico (Rainer Bock), cujo cavalo tropeça em um arame afiado, faz com que uma busca pelo responsável seja realizada. Logo outros estranhos eventos ocorrem, levantando um clima de desconfiança geral.
Este filme estreou em 10 de fevereiro de 2010
 Paula Moisés

"O Cálice e a Espada"

“O Cálice e a Espada”



Existe um livro fantástico para quem quiser desmistificar a imagem do homem como detentor da força e poder e a mulher como frágil e figura secundária em praticamente todas as situações: “O Cálice e a Espada – Nosso passado, Nosso Futuro” da socióloga, advogada e ativista social Riane Eisler, Editora Palas Athena, 2007. Esta obra trata da transformação da cultura patriarcal, não defendendo uma reconstrução de uma sociedade matrística de dominação e competição, mas sim de parceria e união, de paz e conciliação; a solidariedade deve ser o fundamento de uma cultura não alienada pela cultura patriarcal. Diz Humberto Maturana no prefácio do livro sobre o papel do homem numa sociedade matrística:

“O mesmo papel de agora. Participar com a mulher na criação de nosso viver cotidiano, mas sem centrar a relação nas conversações de guerra, competição, dominação, autoridade, hierarquia, luta, controle, propriedade, segurança, certeza, obediência ou poder, mas na colaboração, aceitação, conspiração (co-inspiração), conversa, ajuda, confiança, convivência, acordo, compartilhamento, beleza e harmonia.”

Maturana ressalta que esses elementos ocorrem na cultura patriarcal, porém totalmente desvirtuados, negando a colaboração através da dominação ou da competição, fazendo desaparecer o acordo por força da hierarquia da obediência, esquecendo a co-inspiração por força do controle e do poder, acabando com o compartilhamento mediante a apropriação, e esquecendo a conversação em meio à exploração.

A Arte e a Violência contra a Mulher

Riane Eisler comenta em seu livro que o sistema androcrático reafirma seu controle sempre que possível e isso não é diferente nas artes. Os temas violentos na literatura e na arte contra a mulher cada vez mais freqüentes são resultado dessa necessidade de reforçar a dominação da cultura androcrática. O estuprador Don Juan mostra que o tema da violência repressiva contra as mulheres é um indicador ainda mais específico de tempos de violência e guerra. Hoje testemunhamos uma escalada global de violência contra a mulher – não só em ficção, mas de fato.

Tudo indica que estamos prestes a regredir aos dogmas antifemininos que regem o fundamentalismo cristão e islâmico. No cinema e na literatura cada vez mais se pode ver a violência contra a mulher que se apresenta sob a forma de assassinatos requintados até estupros e cita a autora: “... fazem a violência literária de A Megera Indomada e Don Juan parecerem insignificantes.” A pornografia desenfreada, esse mercado multibilionário nos livros, revistas, tirinhas, cinema, propagandas, televisão a cabo, que invadem nossas casas “afirmando que o prazer sexual reside na violência, no espancamento, em escravidão, tortura, mutilação, degradação e humilhação do sexo feminino.”

Pode ser essa violência toda contra a mulher nos veículos de comunicação uma estratégia de manter o domínio do sistema androcrático em nossa sociedade através do fomento do medo, da dor e demonstração de poder através da força? Que a perpetuação desses exemplos cruéis e realísticos através da arte possam servir como estímulo para que homens passem a agir dessa maneira com suas namoradas, esposas e filhas?

A violência contra a mulher sempre pode ser constatada ao longo de nossa história, como exemplo, a inquisição, que perseguia, sobretudo, as mulheres que acabavam sendo vítimas das fogueiras acusadas de “bruxaria”. Porém no século XIX, com o advento do movimento feminista houve um aumento da violência contra as mulheres: espancamentos, fraturas, corpo incendiado e outros horrores. Como diz Riane:

“Vista da perspectiva da Teoria da Transformação Cultural, não é difícil de perceber a função sistêmica da violência massiva e brutal contra as mulheres. Se a androcaracia quiser se manter, as mulheres precisam ser reprimidas custe o que custar. E se esta violência – e o avivamento de incitações à violência, calúnias religiosas contra as mulheres, e a equiparação de prazer sexual a matar, estuprar e torturar mulheres – está crescendo no mundo todo, é porque nunca antes a dominância masculina foi tão vigorosamente desafiada através de um movimento tão sinérgico de mulheres lutando pela libertação da humanidade.”

Eisler não discute a questão da função da arte, porém dá o caminho para uma reflexão. Todos os veículos ligados à arte se tornam obrigatoriamente aparelhos de divulgação de idéias, através do que se escreve, através das imagens concebidas, seja no cinema, teatro, fotografia, pintura, que podem servir para manipulação das massas, para a aceitação progressiva de falsos conceitos que servem e alimentam um sistema. É a arte aliada à política servindo às ideologias convenientes. A arte como instrumento massificador que em doses homeopáticas vai construindo uma forma de pensar linear de aceitação sem reflexão de tais ideologias que servem ao poder vigente. Quando se vê na arte tanta violência ilustrada contra a mulher nada mais é do que a utilização de todos os meios para o constante inculcar e perpetuar da dominação androcrática em nossa sociedade, adentrando nos lares, escolas, matando o questionamento de que se isso realmente pode ser da natureza humana, conceito reforçado pelos preceitos religiosos, se pode ser modificado, se pode existir uma sociedade mais justa para todos. Encoberto pelo som altíssimo que atordoa, pelas belas imagens ou palavras, por conceitos falsos pré concebidos o ser humano aceita absurdos como verdades, tira da ficção os exemplos que começam a fazer parte da sua realidade de uma forma inconsciente e sem perceber que passou por uma lavagem cerebral atua em favor de um sistema falso e incoerente. É essa a função da chamada arte em nossos dias?

Célia Cristina De Donato

segunda-feira, 23 de maio de 2011

A sétima arte !


Indícios históricos e arqueológicos comprovam que é antiga a preocupação do homem com o registro do movimento. O desenho e a pintura foram as primeiras formas de representar os aspectos dinâmicos da vida humana e da natureza, produzindo narrativas através de figuras. O jogo de sombras do teatro de marionetes oriental é considerado um dos mais remotos precursores do cinema. Experiências posteriores como a câmara escura e a lanterna mágica constituem os fundamentos da ciência óptica, que torna possível a realidade cinematográfica.

Estabelecer marcos históricos é sempre perigoso e arbitrário, particularmente, no campo das artes. Inúmeros fatores concorrem para o estabelecimento de determinada técnica, seu emprego, práticas associadas e impacto numa ordem cultural. 


A data de 28 de Dezembro de 1895, é especial no que refere ao cinema e sua história. Neste dia, no Salão Grand Café, em Paris, os Irmãos Lumière fizeram uma apresentação pública dos produtos de seu invento ao qual chamaram Cinematógrafo. O evento causou comoção nos 30 e poucos presentes, a notícia se alastrou e, em pouco tempo, este fazer artístico conquistaria o mundo e faria nascer uma indústria multibilionária. O filme exibido foi L'Arrivée d'un Train à La Ciotat.

A indústria cinematográfica atual é um mercado exigente e promissor para diferentes áreas do saber. Não são apenas os atores e atrizes que brilham nas cenas que são apresentadas a um público local e internacional, pois a realização de um filme precisa englobar uma equipe de trabalho. Na construção e realização de um filme existem os seguintes profissionais: o “roteirista” que escreve a história e as narrativas dos personagens, ou melhor, os diálogos; o “diretor” que tem a função de coordenar, direta e indiretamente, o trabalho de todas as pessoas envolvidas com o filme, da concepção à finalização; o “diretor de fotografia”, um profissional de artes visuais com sensibilidade e competência para decidir como iluminar uma cena, que lentes serão melhores para determinados ângulos, o tipo de filme a ser rodado, entre outras atribuições; há quem seja responsável pela trilha sonora do filme, que é o “compositor musical”, ele é quem fica responsável por contribuir para o clima pretendido pelo diretor; O “produtor” é a pessoa ou grupo de pessoas que se encarrega de viabilizar a realização do filme, buscando patrocínios e parcerias, e ainda, tratando da parte burocrática que envolve toda a equipe.

Há também uma equipe de técnicos/especialistas que são fundamentais junto aos profissionais já apresentados, que são: o “técnico de efeitos especiais” cuja tarefa é realizar efeitos visuais e sonoros às cenas já filmadas, inclusive utilizando inserção de efeitos posteriores por computador; o “técnico de som”, que cuida dos diferentes microfones durante as gravações, cuidando para que só haja a captação do que se julgue essencial; o “operador de câmera” que fica responsável por focar os ângulos solicitados pelo diretor; e os “editores” ou “montadores”, que trabalham numa ilha de edição, juntos com o diretor ou orientados por um mapa organizado pelo próprio diretor, onde se encontra organizados as cenas, os sons, a trilha sonora, entre outros parâmetros qualitativos e quantitativos de finalização do filme. Outros profissionais como coreógrafos, figurinistas, e maquiadores são essenciais em determinadas produções.

O saudoso diretor de cinema Richard Brooks disse certa vez: “As imagens vêm primeiro, e com as imagens, como a música, a primeira reação é emocional." A extraordinária popularidade do cinema obtida com o sistema de Hollywood entre platéias do mundo todo há mais de cem anos confirma essa verdade essencial. Em uma época de globalização, o poder emocional das imagens é traduzido facilmente entre as diversas culturas e faz dos filmes de Hollywood um dos maiores produtos de exportação dos Estados Unidos.

Ao mesmo tempo, a produção cinematográfica é mais do que um negócio. Ela é também uma forma de arte altamente colaborativa que emprega centenas de pessoas em um único filme.


Por fim, como todas as formas de cultura popular, um filme contém determinados valores maiores que seus criadores inevitavelmente embutem como resultado das centenas de escolhas necessárias na execução de um filme.

Teoricamente, o cinema é por definição um processo ilusório. A partir do momento que é um conjunto de fotografias em movimento, compostas tecnicamente numa determinada velocidade (24 fotogramas por segundo) e que nossa percepção as absorvem como seqüenciais, um filme é resultado da fabricação do imaginário de quem o criou - roteiro, personagens, cenários, diálogos, iluminação e determinou enquadramentos assim e não assado. Talvez por isso, poderíamos afirmar que cinema é ilusão. Não há como negar que ele detém uma relação íntima com o real. 

Cinema é ao mesmo tempo realidade e ilusão, pois não existe nenhum filme que seja desprovido do real ou outro que seja totalmente ilusório. 

O cinema, em meio à sociedade, tem sua linguagem cinematográfica desenvolvida com o propósito de promover a impressão da realidade. Os espectadores se identificam com o mundo que é refletido nas telas. A sensação de hipnose provocada pelo poder ilusório que o cinema produz, fez com os diretores buscassem roteiros apoiados por efeitos especiais que reproduzissem da melhor forma a vida. Assim, baseado em todos esses fatores que constituem esta “fábrica de sonhos”, o cinema foi e ainda é o refúgio daqueles que desejam ver uma realidade não tão verdadeira, mas aquela que todos desejariam que fosse, perfeita, como o cinema sabe e é capaz de mostrar.

Estela Bonci