segunda-feira, 16 de maio de 2011

"[...] ver no individual o universal." (Simmel)

Pessoal,

Quero indicar o texto "A metrópole e a vida mental" de um autor alemão chamado Georg Simmel. Está disponível uma tradução diretamente do alemão no endereço abaixo, cujo título é "As grandes cidades e a vida do espírito".

O Simmel, para quem não conhece, é um autor que viu (e viveu e ouviu) as transformações ocorrerem na Berlim do final do século XIX e escreveu sobre diversos assuntos, tais como:  o papel do dinheiro, os estilos de vida, o consumo, a cultura, a cidade como obra de arte, o individualismo, o caráter blasé, o flaneur, etc... 

Tenho a impressão que ele e Benjamim sintetizam bem o quadro das modificações/transformações ocorridas na Europa "moderna". Aliás, não sei bem se vivemos na modernidade, na pós-modernidade, na hipermodernidade (Lipovestky) ou se jamais fomos modernos (Latour)...

De todo modo, Berlim é a "Nova York européia", "a cidade mais rápida do mundo" como ficou conhecida em seus anos de ouro. Ela é a metrópole que inspirará Fritz Lang, a cidade grande como máquina em que o dinheiro, as massas, as notícias, os automóveis circulam sem cessar.  E Simmel presenciou tudo isto de 1858 a 1914, acompanhando todas as transformações da cidade.

E já que estamos falando sobre o ver (e o olhar) e também sobre o ouvir (orelhas abaixo) proponho o trecho de "O Rosto", escrito por Simmel:

"O rosto é símbolo de tudo aquilo que o indivíduo trouxe consigo como pressuposto de sua vida; nele está armazenado o que foi despejado de seu passado no fundo da sua vida e que se transformou, nele, em traços persistentes. Ao percebermos o rosto do homem nesse sentido, tanto quanto ele serve a finalidades práticas, acresce na comunicação um elemento que vai para além da praticidade: o rosto consegue que o homem seja compreendido já desde o seu olhar, e não somente pelo agir. O rosto, considerado como órgão expressivo, é por assim dizer de natureza absolutamente teórica, ele não age, como a mão, como o pé, como todo o corpo; ele não sustenta o comportamento prático ou interior do homem, ele apenas narra a seu respeito".

Um abraço,

Marcos Chiesa

"... uma determinada atitude espiritual em relação ao mundo e à vida". (Simmel)

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-93132005000200010&lng=pt&nrm=iso


Uma fotografia de Bertillon de tipos de orelhas, de seu Signaletic Instructions Including the
Theory and Practice of Anthropometric Identification.

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