sexta-feira, 20 de maio de 2011

O Narrador

  O Narrador, considerações sobre a obra de Nikolai Leskov
                                                                                        Walter Benjamim

Algumas considerações sobre o texto
1. Trata-se de um intelectual do século XX (Benjamim), fazendo a leitura de um outro intelectual que viveu um século antes (Leskov).
2. O contraponto:  a narrativa, enquanto forma artesanal de comunicação, mais popular (o camponês sedentário ou o marinheiro viajante) e o romance, como gênero relacionado à burguesia ascendente.
3. A sabedoria na dimensão utilitária da narrativa e a negação da análise psicológica.
4. O romance representou de fato a morte da narrativa?
5. "O homem de 'hoje' só cultiva o que é abreviado... e conseguiu abreviar a narrativa".
A valorização da informação, com caráter acentuadamente mais local.
Penso que essa questão é atual e está presente nos jornais desses últimos 30 anos que, em comparação com os anos 1970 e 80, tem valorizado bem mais o local (por exemplo, o caderno cidades da Folha), em detrimento do universal (o caderno Mundo está reduzido em algumas páginas no final do primeiro caderno). Entre os anos 1970 e 80 a proporção entre local e mundo era exatamente inversa. Citei o jornal Folha de São Paulo, mas essa comparação também é válida para outros.
6. A idéia de morte, higienizada pela burguesia no mundo moderno.
7. Se o cronista é o narrador da história, o historiador escreve a história e a interpreta (questão da hermenêutica).
8. A memória e a reminiscência na narrativa oriental, com "As Mil e Uma Noites" (obra anônima e leitura deliciosa composta por fábulas, contos eróticos, anedotas e contos recheados de sabedoria nos provérbios), como principal obra nesse sentido, focalizando o contexto do mundo oriental islâmico na idade média, extremamente patriarcal, mas narrado por Sherazade, uma mulher. Interessante observar que em uma análise comparativa nesse período, o conservadorismo e a opressão eram bem mais característicos do ocidente cristão, enquanto a Espanha árabe-andaluz de Córdoba, Granada, Málaga, Cádiz e Sevilha era o principal centro de avanço cultural da Europa ocidental.
           
Gabriel L. Bandouk

Nenhum comentário:

Postar um comentário