segunda-feira, 23 de maio de 2011

A sétima arte !


Indícios históricos e arqueológicos comprovam que é antiga a preocupação do homem com o registro do movimento. O desenho e a pintura foram as primeiras formas de representar os aspectos dinâmicos da vida humana e da natureza, produzindo narrativas através de figuras. O jogo de sombras do teatro de marionetes oriental é considerado um dos mais remotos precursores do cinema. Experiências posteriores como a câmara escura e a lanterna mágica constituem os fundamentos da ciência óptica, que torna possível a realidade cinematográfica.

Estabelecer marcos históricos é sempre perigoso e arbitrário, particularmente, no campo das artes. Inúmeros fatores concorrem para o estabelecimento de determinada técnica, seu emprego, práticas associadas e impacto numa ordem cultural. 


A data de 28 de Dezembro de 1895, é especial no que refere ao cinema e sua história. Neste dia, no Salão Grand Café, em Paris, os Irmãos Lumière fizeram uma apresentação pública dos produtos de seu invento ao qual chamaram Cinematógrafo. O evento causou comoção nos 30 e poucos presentes, a notícia se alastrou e, em pouco tempo, este fazer artístico conquistaria o mundo e faria nascer uma indústria multibilionária. O filme exibido foi L'Arrivée d'un Train à La Ciotat.

A indústria cinematográfica atual é um mercado exigente e promissor para diferentes áreas do saber. Não são apenas os atores e atrizes que brilham nas cenas que são apresentadas a um público local e internacional, pois a realização de um filme precisa englobar uma equipe de trabalho. Na construção e realização de um filme existem os seguintes profissionais: o “roteirista” que escreve a história e as narrativas dos personagens, ou melhor, os diálogos; o “diretor” que tem a função de coordenar, direta e indiretamente, o trabalho de todas as pessoas envolvidas com o filme, da concepção à finalização; o “diretor de fotografia”, um profissional de artes visuais com sensibilidade e competência para decidir como iluminar uma cena, que lentes serão melhores para determinados ângulos, o tipo de filme a ser rodado, entre outras atribuições; há quem seja responsável pela trilha sonora do filme, que é o “compositor musical”, ele é quem fica responsável por contribuir para o clima pretendido pelo diretor; O “produtor” é a pessoa ou grupo de pessoas que se encarrega de viabilizar a realização do filme, buscando patrocínios e parcerias, e ainda, tratando da parte burocrática que envolve toda a equipe.

Há também uma equipe de técnicos/especialistas que são fundamentais junto aos profissionais já apresentados, que são: o “técnico de efeitos especiais” cuja tarefa é realizar efeitos visuais e sonoros às cenas já filmadas, inclusive utilizando inserção de efeitos posteriores por computador; o “técnico de som”, que cuida dos diferentes microfones durante as gravações, cuidando para que só haja a captação do que se julgue essencial; o “operador de câmera” que fica responsável por focar os ângulos solicitados pelo diretor; e os “editores” ou “montadores”, que trabalham numa ilha de edição, juntos com o diretor ou orientados por um mapa organizado pelo próprio diretor, onde se encontra organizados as cenas, os sons, a trilha sonora, entre outros parâmetros qualitativos e quantitativos de finalização do filme. Outros profissionais como coreógrafos, figurinistas, e maquiadores são essenciais em determinadas produções.

O saudoso diretor de cinema Richard Brooks disse certa vez: “As imagens vêm primeiro, e com as imagens, como a música, a primeira reação é emocional." A extraordinária popularidade do cinema obtida com o sistema de Hollywood entre platéias do mundo todo há mais de cem anos confirma essa verdade essencial. Em uma época de globalização, o poder emocional das imagens é traduzido facilmente entre as diversas culturas e faz dos filmes de Hollywood um dos maiores produtos de exportação dos Estados Unidos.

Ao mesmo tempo, a produção cinematográfica é mais do que um negócio. Ela é também uma forma de arte altamente colaborativa que emprega centenas de pessoas em um único filme.


Por fim, como todas as formas de cultura popular, um filme contém determinados valores maiores que seus criadores inevitavelmente embutem como resultado das centenas de escolhas necessárias na execução de um filme.

Teoricamente, o cinema é por definição um processo ilusório. A partir do momento que é um conjunto de fotografias em movimento, compostas tecnicamente numa determinada velocidade (24 fotogramas por segundo) e que nossa percepção as absorvem como seqüenciais, um filme é resultado da fabricação do imaginário de quem o criou - roteiro, personagens, cenários, diálogos, iluminação e determinou enquadramentos assim e não assado. Talvez por isso, poderíamos afirmar que cinema é ilusão. Não há como negar que ele detém uma relação íntima com o real. 

Cinema é ao mesmo tempo realidade e ilusão, pois não existe nenhum filme que seja desprovido do real ou outro que seja totalmente ilusório. 

O cinema, em meio à sociedade, tem sua linguagem cinematográfica desenvolvida com o propósito de promover a impressão da realidade. Os espectadores se identificam com o mundo que é refletido nas telas. A sensação de hipnose provocada pelo poder ilusório que o cinema produz, fez com os diretores buscassem roteiros apoiados por efeitos especiais que reproduzissem da melhor forma a vida. Assim, baseado em todos esses fatores que constituem esta “fábrica de sonhos”, o cinema foi e ainda é o refúgio daqueles que desejam ver uma realidade não tão verdadeira, mas aquela que todos desejariam que fosse, perfeita, como o cinema sabe e é capaz de mostrar.

Estela Bonci

Nenhum comentário:

Postar um comentário