terça-feira, 17 de maio de 2011

Flash !!!

A fotografia... 

Sua história tem início com experiências de químicos e alquimistas à muito tempo. O fenômeno da produção de imagens pela passagem da luz através de um pequeno orifício é conhecido desde a Grécia Antiga. Por volta do século X, Alhazen descreveu a observação dos eclipses solares a partir da observação através da câmara escura, isto é, um quarto escuro com um pequeno orifício aberto para o exterior.

A primeira fotografia data de 1825 produzida por Nicéphore Niépce, feita a partir de uma câmera, sendo necessárias cerca de oito horas de exposição à luz solar.
A fotografia possibilitou ao homem ter uma visão real do mundo à sua volta, transformando-se em instrumento de captação de imagens.

Nos últimos 10 anos, as câmeras digitais se tornaram produtos de consumo, substituindo gradualmente suas equivalentes tradicionais, pois o preço dos componentes eletrônicos cai e a qualidade da imagem melhora.

A partir dessa breve introdução e após a última aula de Teoria e Crítica das Artes, surgem lembranças em meus pensamentos...


Em alguns momentos e com algumas pessoas, ouvi relatos singulares sobre o “perigo” da fotografia.  Não era aconselhável que namorados fossem fotografados juntos, pois havia o risco de nunca se casarem. Certa vez, uma amiga disse não gostar de fotos, pois a foto, como um espelho, captava não apenas os traços, mas também a alma da pessoa. Em alguns países de cultura muçulmana, as pessoas não permitem que os turistas lhes tirem fotografias, porque acreditam que assim eles poderão ler suas alma. Na cultura japonesa é comum dizer que a pessoa fotografada entre duas pessoas será a primeira a morrer. Percebe-se, então, o grande mistério da fotografia! Desde sua criação e fabricação, até as suas influências culturais.

Outra lembrança marcante sobre a fotografia, remete aos retratos fotográficos pintados à mão, presentes nas casas do interior nordestino. As fotografias em preto e branco não eram consideradas suficientemente dramáticas e os “retratos pintados” (fotografias de família em preto e branco, ampliadas e coloridas) apresentavam uma imagem ideal e proporcionavam certo status aos retratados, os quais eram representados como ícones ou santos. Através de banhos de óleo e outras técnicas específicas, os artesãos locais suavizavam rugas, adicionavam adornos e roupas de alto padrão, enfeitando os retratos segundo as fantasias e desejos de seus clientes.


Com os avanços da tecnologia durante os últimos 25 anos,  as fotografias pintadas à mão têm se tornado uma raridade no Brasil. A tradição está se perdendo porque a maioria dos retratos hoje são gerados digitalmente. Atualmente, os retoques feitos à mão nos retratos em preto e branco, foram substituídos pelo advento do Photoshop, onde a realidade é corrigida, conforme os padrões estéticos predominantes no momento social, buscando alcançar a perfeita beleza. Flusser diz que as fotografias mais verdadeiras são aquelas em que se pode imaginar algo, dependendo assim de um raciocínio para a interpretação da fotografia.

Em que momento deixamos de ver o retrato como a rica lembrança de uma memória e o enxergamos como uma realidade distante possível de se conseguir? Seguindo o que Flusser nos apresenta, é preciso criar com urgência uma filosofia fotográfica, para que o homem possa voltar a comandar o ato de fotografar, libertando o fotógrafo das imposições da indústria fotográfica. Flusser afirma que a tecnologia enfraquece a capacidade de pensar do homem e quanto maior a facilidade para realizar os trabalhos, mais o homem se acomoda, alienando-se e deixando a tecnologia comandar sua vida.


“Um retrato pintado com a alma é um retrato, não do modelo, mas do artista”.
 Oscar Wilde

Estela Bonci

Um comentário:

  1. Estela, este quadro me faz lembrar da infância, das fotos dos meus avós...show

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