quinta-feira, 17 de março de 2011

" Pictorial Turn "

Queridos colegas, não sei se todos acompanharam a entrevista de 
W. J. T. Mitchell, professor de História da Arte
e de Inglês na Universidade de Chicago. 
Segue um FRAGMENTO MUITO PERTINENTE  para nossa aula com Márcia.
Ele é editor do periódico Critical Inquiry e autor de
diversos livros e artigos. 

Focando seus estudos
na problematização da interface entre visão e
linguagem nas artes plásticas, na literatura e
na mídia, Mitchell propõe métodos bastante
originais de se abordar as imagens, construindo
novas perspectivas para o que ele denomina,
seguindo Panofsky, uma Iconologia. Em suas
reflexões, cunhou a difundida expressão “virada
imagética” (pictorial turn). O que justifica a
noção de uma “virada”, diz o autor,
[...] não é o fato de termos um poderoso modelo
das representações visuais que estaria ditando
os termos da teoria cultural, mas sim que as
imagens constituem um ponto de peculiar fricção
e desconforto junto a uma larga faixa de questionamentos intelectuais. A imagem agora goza
de um  status localizado em algum ponto entre
aquilo que Thomas Khun chamou de “paradigma” e uma anomalia, emergindo como um tópico
central de discussão nas ciências humanas do
mesmo modo que a língua o fez: ou seja, como
um tipo de modelo ou figura para outras coisas
[...], e como um problema não solucionado, talvez
até mesmo como objeto de sua própria “ciência”,
aquilo que Panofsky chamou de “Iconologia”.



Ainda há muita discussão sobre a noção de
“sociedade do espetáculo” ocorrendo no
campo da Comunicação. Como você mesmo
observa em What do pictures want?, a posição
de Debord pode ser interpretada como
sendo bastante iconoclasta e mostraria um
desconforto com a imagem que pode ser sentido
– novamente, como você observa – em diversas
disciplinas em nossa era. Esse desconforto,
parece, foi o que o levou a cunhar a expressão
“virada imagética” (pictorial turn). O senhor poderia comentar um pouco sobre a virada
imagética e sobre a noção debordiana de uma
“sociedade do espetáculo”?

Penso que Debord nos ofereceu uma
intervenção crucial para a crítica da
imagem, mas duvido de sua adequação
ao nosso momento atual. O iconoclasmo
é muito maniqueísta e muito preso a um
ódio da cultura de massa e da mídia, vistas
como meros instrumentos do capital. Acho
que estamos agora em um novo regime
midiático que está oferecendo experiências
sociais e psicológicas diferentes – dentre as
mais dramáticas, a emergência do que Lev
Manovich denomina “mídia social” (YouTube,
a internet de modo geral), que torna novos
movimentos sociais possíveis. A eleição de
Obama é em parte um produto desta revolução.
Se quiserem uma crítica mais desenvolvida
de Debord como guia para a crítica em nosso
tempo, sugiro que vejam meu artigo “The
Spectacle Today” (2008b). 
* a entrevsista  pode ser acessada pelo email que recebemos do programa EAHC.
boa aula para todos, hoje a tarde!
Monica B.

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